Postagens

O Cão e a Lebre...

Imagem
O CÃO E A LEBRE A lebre, que saíra em busca de alimento, entretinha-se na degustação de algumas ervas que apreciava, e tão distraída se entregava a esse prazer que descuidou da própria segurança e não percebeu que um cão de caça se aproximava sorrateiro pela sua retaguarda, beneficiado pelo vento que soprava contra ele. Quando a coitada se deu conta do perigo que corria, aí já era tarde, porque o caçador saltou sobre ela, mordeu-a na altura do pescoço, derrubou-a e deitou-se com as patas dianteiras sobre seu corpo, apertando-a firmemente contra o solo. Feito isso, passou a mordiscá-la levemente com os seus afiados dentes caninos, para logo em seguida lamber-lhe o pêlo sedoso como se estivesse mergulhado em êxtase profundo. E fez isso duas, três e mais vezes, enquanto a pobre lebre permanecia subjugada, com o coração aos saltos, aguardando o desenlace de sua tragédia sem ter consigo a menor esperança de salvação. Até que, em dado momento, não suportando mais a angústia que a dominav

As Árvores e o Machado...

Imagem
AS ÁRVORES E O MACHADO Um homem foi à floresta e pediu às árvores que lhe dessem um cabo para o seu machado, alegando que precisava dele para sustentar a sua numerosa família. Considerando o sentido social e humanitário que aparentemente estava por trás daquela solicitação, o conselho das árvores mais velhas se reuniu, colocou o assunto em discussão, e ao final do encontro concordou com o que o lenhador desejava, dando a ele uma árvore jovem, ainda, para que com ela o solicitante pudesse preparar a peça de que necessitava para guarnecer o seu instrumento de trabalho. De posse da autorização o homem não perdeu tempo e tratou de entrar em ação imediatamente: para começar, ele cortou a arvorezinha que as árvores mais velhas lhe haviam dado e fez com ela o cabo de que precisava, colocando-o em seu machado; em seguida, passou a usá-lo numa faina incessante, derrubando em pouco tempo, com seus golpes potentes e certeiros, um bom número das mais nobres, das maiores e das mais antigas árvo

O Velho, o Menino, e o Burro...

Imagem
O VELHO, O MENINO, E O BURRO Um velho resolveu vender o seu burro na feira da cidade. Como iria retornar a pé, chamou o neto para acompanhá-lo. Montaram os dois no animal e seguiram viagem. Passando por umas barracas de escoteiros, escutaram os comentários críticos: - Como é que pode duas pessoas em cima deste pobre animal? Resolveram então que o menino desceria, e o velho permaneceria montado. Prosseguiram... Mais à frente estava uma lagoa e algumas velhas estavam lavando a roupa. Quando viram a cena, puseram-se a reclamar: - Que absurdo! Explorando a pobre criança, podendo deixá-la em cima do animal. Constrangidos com o ocorrido, trocaram as posições, ou seja, o menino montou e o velho desceu. Tinham caminhado alguns metros, quando algumas jovens sentadas na calçada mostraram seu espanto com o que presenciaram: - Que menino preguiçoso! Enquanto este velho senhor caminha, ele fica todo prazeroso em cima do animal. Tenha vergonha!. Diante disto, o menino desceu e desta ve

O Sentido dos Gansos...

Imagem
O SENTIDO DOS GANSOS No outono, quando se vêem bandos de Gansos voando rumo ao sul, formando um grande “V” no céu, indaga-se que a ciência já descobriu sobre o porquê de voarem desta forma. Sabe-se que quando cada ave bate as asas, move o ar para cima, ajudando a sustentar a ave imediatamente de trás. Ao voar de “V”, o bando se beneficia de pelo menos 71% a mais de força de vôo do que voando sozinha. Pessoas que têm a mesma direção e sentido de comunidade podem atingir seus objetivos de forma mais rápida e fácil, pois viajam beneficiando-se de um impulso mútuo. Sempre que um Ganso sai do bando, sente subitamente o esforço e a resistência necessária para continuar voando sozinho. Rapidamente, ele entra outra vez em formação para aproveitar o deslocamento de ar provocado pela ave que voa imediatamente a sua frente. Se tivéssemos o mesmo sentido dos Gansos, manter-nos-íamos em formação com os que liberam o caminho para onde também desejamos seguir. Quando o Ganso líder s

Lenda Árabe...

Imagem
LENDA ÁRABE Diz uma lenda árabe que dois amigos viajavam pelo deserto e, em um determinado ponto da viagem, discutiram e um deu uma bofetada no outro. O outro, ofendido, sem nada poder fazer, escreveu na areia: - Hoje meu melhor amigo me deu uma bofetada no rosto . Seguiram adiante e chegaram a um oásis onde resolveram banhar-se. O que havia sido esbofeteado e magoado começou a afogar-se, sendo salvo pelo amigo. Ao recuperar-se, pegou um canivete e escreveu em uma pedra: - Hoje meu melhor amigo salvou minha vida . Intrigado, o amigo perguntou: - Por que, depois que te magoei, escreveste na areia e agora, escreves na pedra? Sorrindo, o outro amigo respondeu: Quando um grande amigo nos ofende, devemos escrever onde o vento do esquecimento e o perdão se encarreguem de borrar e apagar a lembrança. Por outro lado, quando nos acontece algo de grandioso, devemos gravar isso na pedra da memória e do coração onde vento nenhum em todo o mundo poderá sequer borrá-lo. “Só é n

A Fábula do Carregador de Água na Índia...

Imagem
A FÁBULA DO CARREGADOR DE ÁGUA NA ÍNDIA Um carregador de água na Índia levava dois potes grandes, ambos pendurados em cada ponta de uma vara a qual ele carregava atravessado em seu pescoço. Um dos potes tinha uma rachadura. Enquanto o outro era perfeito e sempre chegava cheio de água no fim da longa jornada entre o poço e a casa do chefe, o outro chegava apenas com a metade da água. Foi assim por dois anos, diariamente: o carregador entregando um pote e meio de água na casa do chefe. Claro que o pote estava orgulhoso de suas realizações. Porém, o pote rachado estava envergonhado de sua imperfeição e sentindo-se miserável por ser capaz de realizar apenas metade do que ele havia designado a fazer. Após perceber que por dois anos havia sido uma falha amarga, o pote falou para o homem, um dia a beira do poço: Estou envergonhado e quero pedir-lhe desculpas. Por quê? Perguntou o homem. - De que você esta envergonhado? Nestes dois anos eu fui capaz de entregar apenas a m

A Fábula do Sapo e do Escorpião...

Imagem
A FÁBULA DO SAPO E DO ESCORPIÃO Era uma vez um escorpião desejoso de praticar o bem. Como não era bem visto pela comunidade local, resolveu ir viver do outro lado do rio. Lá, poderia exercitar seu altruísmo sem desconfianças. Mas ele não sabia nadar e precisava atravessar de uma margem para a outra. E sua espécie ainda não havia acumulado o conhecimento náutico suficiente para construir um barco viável para fazer a travessia. Então resolve pedir carona nas costas de um sapo. Vai lá conversar com ele para expor seu pleito. O sapo o ouve atentamente. Pensa que o escorpião o está confundindo com um burro e declara: - Senhor escorpião, não posso dar-lhe carona em minhas costas porque durante a travessia o senhor vai me ferroar. O escorpião, leitor assíduo de Aristóteles e de São Tomás de Aquino, replica imediatamente: - Senhor sapo, eu jamais o ferroaria na travessia, pois ao fazê-lo, o senhor afundaria e eu morreria afogado. Realmente, sapo não é burro, mas é batráquio.