Postagens

O Gato e o Rato

Imagem
O Gato e o Rato Dos animais que povoavam a floresta, quatro deles costumavam abrigar-se nos ocos do tronco meio apodrecido de uma velha árvore. Um deles era um gato do mato, ardiloso, ágil e traiçoeiro; outro, um ratinho de dentes afiados e apetite insaciável; o terceiro, uma doninha de corpo esguio e alongado; e finalmente, uma solitária coruja de olhos tristes. Certa noite um caçador valeu-se da escuridão para enrolar uma rede de malha forte em torno do tronco esburacado, esperando, assim, capturar algum bicho que porventura ali se abrigasse. Por isso, quando os primeiros sinais da manhã surgiram no céu o gato tentou sair do seu esconderijo, mas não conseguiu fazê-lo porque a rede o impediu. Ele bem que forçou passagem, uma, duas, várias vezes, mas sem resultado, e por fim, sentindo-se derrotado, começou a miar desconsolado, o que atraiu a atenção do rato. Este, ao perceber o que se passava vibrou de alegria, e tão contente ficou que se aproximou para apreciar mais de perto o info

A Águia e a Coruja

Imagem
A Águia e a Coruja Do seu ninho no alto do penhasco, a águia avistou uma coruja empoleirada na árvore bem mais abaixo, ao pé do grande rochedo, defronte ao ponto aonde morava. Curiosa, ela ficou observando a vizinha que se mantinha imóvel, sem mudar de posição, mexer com as asas, ou ao menos virar a cabeça para um lado e outro, sinal de que vigiava os arredores. E pensava: “Que animal estranho é aquele? Com toda certeza não se trata de um pássaro”.   Alguns minutos se passaram com a águia absorta nessa contemplação, e como durante esse espaço de tempo a situação permaneceu a mesma, o interesse da observadora foi aumentando, aumentando, até que ela não mais se conteve e resolveu verificar de perto o que estava acontecendo. Então a poderosa rapineira pulou do ninho, pôs-se a descer voando em círculos, e quando pousou no topo da árvore, a pouca distância da coruja, perguntou-lhe:   - Quem é você? Como é o seu nome? - Eu sou a coruja - respondeu assustada a interpelad

O Rato e o Elefante

Imagem
O Rato e o Elefante O elefante imenso e ricamente ornamentado passava pela aldeia trazendo sobre o dorso um cesto preso firmemente ao seu corpo por fortes correias. Neste, uma sultana viajava confortavelmente acomodada sobre almofadas coloridas, tendo como companhia um gato, um papagaio e um cão. O elefante marchava em passo lento, acompanhado de perto pela criadagem da distinta senhora, e esse acontecimento incomum atraiu a atenção dos moradores da pequena localidade, que logo se posicionaram à beira do caminho para assistir de perto à passagem da importante comitiva. Aquela movimentação anormal também despertou a curiosidade de um pequeno rato, que ao sair da toca e perceber o que acontecia, espantou-se com a quantidade de gente que ali se postava não só por causa da sultana e sua criadagem, mas principalmente pela imponência do elefante, ainda mais destacada graças à beleza do arreamento e dos adornos que o cobriam. Inconformado com o que via, o minúsculo roedor comentou em tom de

A Queixa do Pavão

Imagem
A Queixa do Pavão O pavão dirigiu-se à deusa Juno para reclamar da voz que possuía. Alegava o pássaro que apesar do seu grande desejo de cantar louvores à divindade, por quem nutria respeito e devoção, não se animava a fazê-lo porque sabia que o som saído de sua garganta, ao invés de suave e melodioso, estrondava pelas cercanias de onde se encontrava como se fossem gritos agourentos, mais incomodando que agradando a quem o ouvisse. E reforçava sua contrariedade apontando um exemplo à rainha dos céus e da luz: Veja o rouxinol, deusa onipotente, uma ave cujo tamanho e cor são absolutamente inexpressivos, mas que quando abre o bico encanta o mundo com a música que entoa. Enquanto eu... Juno não gostou do que ouviu, e por isso retrucou furiosa: - Ora, ora, invejoso ignorante! Então é isso? Queres para ti a voz do pequeno rouxinol? Por quê? Não te satisfaz a maravilhosa cauda que possuis, que se abre em leque esplendoroso como nenhum outro pássaro consegue fazer, encantando a todos com s

O Cavalo e o Lobo

Imagem
O CAVALO E O LOBO O tempo era de primavera. Sob o sol de meio-dia o cavalo fartava-se com a relva que cobria bom trecho das margens do ribeirão que passava por ali, sem perceber que a certa distância, escondido entre os arbustos que lá se amontoavam, um lobo o observava com interesse. Mal intencionada, a fera resmungava entre os dentes: - Ah, que belo animal! Se fosse um carneiro, um bezerro, ou até mesmo um burro, e certamente já estaria passando pela minha goela. Mas é um cavalo grande, com patas poderosas que eu preciso evitar a qualquer custo, sob pena de me dar muito mal. Por isso vou ter que enganá-lo. E saindo do bosque com o jeito inocente dos que nada devem, ou temem, aproximou-se do cavalo e lhe disse: - Salve, companheiro! Prazer em ver-te neste dia radiante. Como sei que não me conheces, deixe-me dizer-te que os deuses deram a mim o poder da curar os males físicos fazendo-me conhecedor das virtudes das ervas, do alívio que elas são capazes de proporcionar aos que padecem d

O Pintassilgo...

Imagem
O PINTASSILGO Contam os antigos que em certo dia a mamãe pintassilgo deixou seus filhotes no ninho e saiu em busca de comida para alimentá-los. Quando retornou, não mais os encontrou: alguém os havia levado. Desesperada, ela iniciou uma busca frenética pelas redondezas, perguntando a todos os seus vizinhos e passantes se eles saberiam informar alguma coisa sobre o paradeiro das pequeninas e indefesas aves que havia deixado em casa, supostamente em segurança. Tudo em vão. Até que, uma semana depois, a coruja que morava na árvore fronteira à sua lhe disse que vira, no dia anterior, alguns filhotes de pintassilgo, e que provavelmente eles seriam os que ela estava procurando. “Onde você os viu?”, perguntou a mãe aflita. “Na casa do fazendeiro”, respondeu a coruja. A mamãe pintassilgo voou imediatamente para a fazenda indicada. Chegando lá, procurou primeiramente no pátio, mas não encontrou o que queria. Depois na varanda da casa, também sem resultado. Desanimada, ela olhou para cima,

A Rede de Pesca...

Imagem
A REDE DE PESCA Como de costume, a rede de pesca, ao ser retirada da água pelos pescadores, chegou ao barco cheia de peixes. Centenas deles, de todas as espécies e tamanhos, foram recolhidos e amontoados em grandes cestas, a maioria arfando desesperada em busca do ar que lhes faltava, uns agitando rabos e barbatanas talvez para mostrar o inconformismo de quem sabe que se vai antes da hora, enquanto outros, mais renitentes, reuniam as forças derradeiras e arriscavam pequenos saltos, na vã esperança de, num deles, reencontrar a vida cujo brilho aos poucos ia se apagando em seus olhos. Mais adiante, no fundo do rio, os sobreviventes do cardume apanhado sem defesa se reuniram e passaram a discutir o perigo que enfrentavam. Disse um deles: - Nosso problema é de vida ou morte. Todos os dias os pescadores lançam sua rede em pontos diferentes do rio, e de cada vez muitos companheiros nossos são apanhados por ela e levados embora, para alimentar os humanos. A continuar desse jeito, em pouc