O Casamento do Sol com a Lua

O CASAMENTO DO SOL COM A LUA

Houve um tempo em que o Sol se apaixonou pela Lua e resolveu casar-se com ela. Essa notícia chegou aos ouvidos dos humanos e estes, diante da novidade, fizeram o que fazem até hoje: formaram dois grupos, o dos discordantes e o dos aceitantes, que passaram a discutir os prós e contras daquela união celestial. E como o desacordo entre eles crescia cada vez mais, ameaçando transformar-se em enorme confusão, o deus Júpiter resolveu ouvir as alegações que ambos apresentavam a título de justificativa para seus respectivos comportamentos.

Os favoráveis ao casamento alegaram que como cada um tinha o direito de escolher o seu próprio destino, o Sol e a Lua podiam fazer o que bem entendessem, sem que ninguém pudesse alimentar a pretensão de interferir no que eles tinham acertado de comum acordo. Afinal de contas, a lei era divina, e contra ela não cabia, portanto, qualquer contestação humana ou mesmo extra-terrestre.

Os desfavoráveis justificaram seu posicionamento com o argumento de que os casamentos, em sua imensa maioria, redundam em filhos. E se assim era, quem poderia precisar quantos pequeninos sóis seriam colocados no espaço a partir do momento em que Sol e Lua se juntassem? E isso acontecendo, como ficaria a Terra caso a luz e o calor solar fossem multiplicados por um, dois, três, quatro, ou sabia-se lá quando descendentes do astro-rei, todos eles dardejando sobre os seres humanos, vegetais e animais, os seus raios abrasadores? A vida se tornaria impossível, e o mundo se transformaria em um deserto!...

Júpiter entendeu que a razão estava com este último grupo, e por isso decidiu que Sol e Lua não poderiam se casar. E mais, que os dois deveriam se manter a prudente distância um do outro, ordenando-lhes: você, Lua, iluminará a noite, enquanto o Sol fará o mesmo durante o dia. Você Lua, encantará os que se amam, e sua visão servirá de inspiração aos poetas e trovadores; ao passo que o Sol fornecerá o calor tão necessário â Terra, razão pela qual sua simples presença no firmamento fará com que as pessoas se tornem mais alegres e felizes.


Moral da Estória: Nenhuma decisão é aceitável caso desconsidere o direito e bem estar da maioria das pessoas atingidas por ela.

Baseado em uma Fábula de Esopo - Fernando Kitzinger Dannemann

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